Um
homem conseguiu roubar a cena e espalhar alguns boatos durante a
cobertura do acidente com o candidato à presidência Eduardo Campos.
Vestindo um macacão azul semelhante a um uniforme de socorrista,
identificado como estivador, ele afirmou em entrevista ao repórter José
Roberto Burnier, da TV Globo, que havia ajudado no resgate das vítimas,
tendo visto, inclusive, o corpo de Campos.
“Vi vários corpos
espalhados. Inclusive, um dos corpos era realmente o do candidato
Eduardo Campos. Eu cheguei a ver, eu abri olho dele verde, azul, eu não
acreditei, fique estarrecido”, disse ele, abalado.
Deu o mesmo
depoimento à repórter Eleonora Paschoal, da Band: “Eu vi o corpo do
candidato Eduardo Campos e é uma cena que eu jamais vou esquecer em toda
a minha vida”.
Pouco tempo depois, chegaram informações
oficiais de que os corpos estavam dilacerados e só poderiam ser
identificados por meio de exame da arcada dentária e DNA. Também não
houve a explosão no ar que ele vira.
É compreensível que os
repórteres tenham caído na história por causa da agitação comum em um
cenário de acidente daquelas proporções e da pressa em dar informações.
Agora, o que levaria alguém a protagonizar uma história de ficção como
essa? Seria até compreensível se ele inventasse um resgate heroico para
se autopromover, mas qual vantagem teria em dizer ter visto cadáveres?
Há
a vontade de ficar famoso, claro. Mas outra hipótese é a chamada
mitomania. A psiquiatra Mara Maranhão, da Unifesp e do Hospital Albert
Einstein, explica do que se trata:
“Na maior parte das vezes, o
comportamento da mitomania (mentira patológica) não traz benefícios
objetivos para a pessoa (como acontece na simulação ou em pessoas com
traços de personalidade antissocial). Além disso, as mentiras não são
contadas com a intenção de assumir um papel de doente ou obter atenção
dos profissionais de saúde (como no transtorno de Munchausen). No caso
dos mitômanos, o comportamento de contar falsas histórias decorre mais
de motivos internos, psicológicos (baixa autoestima, por exemplo), do
que de motivações externas (ganhar algo ou evitar uma punição, por
exemplo).”
O homem que enganou meio mundo se chama Donizete
Machado Junior, é ex-boxeador profissional, atualmente estivador e seu
apelido é Maguila. Vive em São Vicente. Não é estreante na mídia. Em
abril deste ano, foi notícia com grande repercussão.
Após ser
demitido da maior empresa portuária de Santos, a Santos Brasil, ele
convocou a imprensa, por orientação do Sindicato dos Estivadores, para
declarar que fora vítima de homofobia. Donizete teria tentado colocar
seu companheiro como beneficiário do plano de saúde da firma.
Depois
de um sumiço, Donizete reapareceu ontem na página “Vivendo em Santos”
do Facebook, que dá notícias da cidade. Escreveu o seguinte:
“Bom
dia. Meu nome é Donizete Junior. Estou nessa conta de um amigo porque a
minha foi bloqueada. Acontece que eu sou do caso da queda do avião em
Santos, que deu entrevista no calor da emoção sem pensar nas
consequências. Errei, sim, nas sem pensar nas consequências das minhas
burras palavras. Estou sendo ameaçado e já até sofri agressões de minha
família também. A culpa foi totalmente minha, com minha boca e compulsão
inconsequente”. Marcos Sacramento, DCM
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