Há
exatos 31 anos Petrolina chorava a morte de um de seus filhos mais
ilustres: o então Senador da República Nilo de Souza Coelho, membro mais
proeminente da família.
Nilo era médico, industrial, político e
foi o primeiro governador de Pernambuco eleito por via indireta depois
do Golpe Militar de 1964. Nasceu em 2 de novembro de 1920.
Filho
de Clementino de Souza Coelho, conhecido como Coronel Quelé, patriarca
de família sertaneja e de Dona Josepha de Souza Coelho. Além de Nilo, o
casal teve outros filhos: Dulcinéia, Maria Diva, Gercino, Darcy, Caio,
José, Geraldo, Paulo, Osvaldo, Augusto e Adalberto.
Já no
colegial se destacou como bom aluno e orador requisitado, logo se tornou
líder estudantil e aos poucos se envolveu com a política.
Nilo
estava sempre à frente das passeatas que percorriam o centro de
Salvador, onde estudava, conclamando a opinião pública a reagir contra a
ameaça nazi-facista. Quando estava no quinto ano do curso de medicina,
foi convocado para a guerra, mas não chegou a embarcar para a Itália.
Assumiu, no entanto, o compromisso de prestar serviço militar logo
depois de formado e, de fato, quando concluiu o bacharelado em 1944,
entrou para a Aeronáutica a fim de cumprir estágio na Força Aérea
Brasileira, em Campo Grande no Mato Grosso.
Diante do momento
político, o pai de Nilo Coelho o convenceu a largar a carreira médica e
retornar a Petrolina para ingressar na política. Mesmo não se
identificando plenamente com a ideologia do partido, filiou-se ao
Partido Social Democrático (PSD) e começou sua campanha no Sertão, onde
pôde contar com o apoio dos chefes políticos das cidades do interior.
Foi o candidato mais votado da região, tendo sido eleito Deputado
Estadual para o mandato de 1947 a 1950.
Na Assembleia
Legislativa, foi primeiro-secretário da Mesa Diretora; Membro da
Comissão de elaboração da Carta Constitucional Estadual, 1947;
Secretário da Fazenda do Estado de Pernambuco de 1952 a 1955; Deputado
Federal em quatro legislaturas, de 1950 a 1966; na Câmara dos Deputados,
participou como membro da Comissão de Orçamento e Fiscalização
Financeira, de 1955 a 1966, e exerceu o cargo de primeiro-secretário de
1965 a 1966.
Casou, em 1954, com Maria Tereza Coimbra de Almeida
Brennand, no Engenho São João da Várzea, residência do tio da noiva,
Ricardo Brennand. Tiveram seis filhos: Eduardo, Maria Dulce, Maria
Tereza, Maria Carolina, Maria Luciana e Maria Alice.
Em maio de
1966, durante a convenção estadual da Aliança Renovadora Nacional
(ARENA) pernambucana, Nilo Coelho foi indicado pelo então governador
Paulo Guerra para as eleições indiretas do governo do Estado. Concorreu
com dois candidatos, o advogado Eraldo Gueiros Leite e o General Antônio
Carlos Murici, Comandante da 7ª Região Militar. Nilo foi eleito pela
Assembleia Legislativa do Estado, em 3 de setembro do mesmo ano e tomou
posse em 31 de janeiro de 1967, tendo como vice, o Deputado Salviano
Machado.
No seu governo, instituiu a Fundação de Desenvolvimento
Municipal de Pernambuco (Fiam), órgão encarregado da integração dos
programas municipais e estaduais, vinculado à Secretaria do Interior e
Justiça. Criou a Companhia de Mecanização Agrícola e os Distritos
Industriais de Pernambuco S/A, instituiu ainda o Laboratório
Farmacêutico de Pernambuco (LAFEPE), o Instituto de Pesos e Medidas, a
Comissão Estadual de Controle da Poluição das Águas, o Departamento de
Trânsito de Pernambuco e substituiu a Imprensa Oficial por uma empresa
de economia mista, a Companhia Editora de Pernambuco (CEPE).
Durante
o governo de Nilo Coelho, é criado o Projeto Massangano, depois chamado
de Projeto Senador Nilo Coelho, formado pela Companhia de
Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF) com mais de 20.000
hectares, considerado o maior projeto público irrigado do País.
O
empenho que Nilo Coelho tinha pela construção de estradas deu a ele o
cognome de Governador Estradeiro. Implantou a Fundação de Ensino
Superior de Pernambuco (FESP), hoje Universidade de Pernambuco (UPE).
Eletrificou mais de 200 distritos, vilas e localidades da Zona da Mata,
do Agreste e do Sertão. Concluiu a construção da barragem de Tabocas e
muitas outras realizações. Ao deixar o governo, Nilo Coelho afastou-se
da vida pública e foi cuidar dos negócios da família.
Em 1978,
concorreu em eleição direta ao Senado por Pernambuco, pela ARENA. O
núcleo governista teve outro candidato, o ex-governador e industrial Cid
Sampaio. Formaram-se, então a ARENA 1 e ARENA 2 com base no princípio
da sublegenda. Em oposição aos arenistas candidatou-se Jarbas
Vasconcelos, pelo Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Nilo Coelho
foi eleito graças a soma dos votos dos dois candidatos da ARENA. Tomou
posse em fevereiro de 1979. Foi Vice-Presidente do Senado de 1979 a
1980; Líder do Governo de 1981 a 1982 e Presidente do Senado para o
biênio 1983-1985.
Pouco tempo depois de fazer um inflamado
discurso no Senado, começou a apresentar sintomas de enfarto, sendo
levado ao hospital, onde foi operado, mas não resistiu, falecendo no dia
9 de novembro de 1983.
O presidente Figueiredo decretou luto
oficial de três dias, em todo território nacional, pela morte do
senador, cujo corpo de Nilo foi trasladado para o Recife. O velório
ocorreu no Palácio do Campo das Princesas e o enterro na sua cidade
natal, Petrolina. A chegada do corpo do ex-senador ao município foi
saudada pelos seus conterrâneos, tendo o féretro percorrido as
principais ruas da cidade até chegar à casa da família Coelho.
Nilo
Coelho recebeu muitas condecorações, entre outras se destacam: Medalha
Pernambucana de Mérito-Classe Ouro; Medalha do Mérito Naval-Comendador;
Medalha do Serviço Geográfico Brasileiro; Medalha do Mérito Guararapes;
Medalha da Inconfidência; Grã-Cruz da Ordem do Mérito de Brasília;
Grã-Cruz da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho; Grande Colar da
Ordem do Congresso Nacional.
Com informações da Fundaj