Filipe Matoso do G1, em Brasília
A presidente Dilma Rousseff afirmou em
entrevista ao Grupo de Diários América (GDA), publicada neste domingo
(22) pelo jornal “El Mercurio”, do Chile, que o Brasil não vive “crise
de corrupção”, ao comentar as denúncias de irregularidades na Petrobras
investigadas pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.
Segundo o jornal, a presidente concedeu a
entrevista por ter recebido o prêmio “Personagem Latino-americana de
2014″ pelo GDA. Na edição deste domingo, o jornal diz que a escolha
ocorreu antes do anúncio de Estados Unidos e Cuba da retomada das
relações diplomáticas entre os dois países – a publicação não explicita,
porém, se o título seria dado a outra pessoa.
As suspeitas de irregularidades na Petrobras foram apontadas pela PF
na Lava Jato, deflagrada em março deste ano para apurar esquema de
lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. As
investigações resultaram na descoberta de um esquema de desvio de
dinheiro e superfaturamento em obras da estatal.
“O Brasil não vive uma crise de
corrupção, como dizem alguns. Nos últimos anos, começamos a pôr fim a um
largo período de impunidade. Isso é um grande avanço para a democracia
brasileira”, disse a presidente, após ser questionada sobre se o
escândalo na Petrobras pode afetar a estabilidade política necessária
para o segundo mandato.
Indagada sobre como é possível liderar uma campanha anticorrupção
“séria” se o PT é o “protagonista” do escândalo da petrobras, Dilma
ressaltou que as suspeitas da Polícia Federal são de que o esquema na
estatal começaram antes do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.“Como já disse, é a Polícia Federal do meu governo que conduz as investigações sobre a corrupção na Petrobras. Foram essas investigações que levaram ao desmantelamento de um esquema do qual se suspeita que tem décadas de existência, com anterioridade aos governos do PT”, afirmou.
Dilma disse estar “indignada” com as denúncias que envolvem a estatal e ressaltou que os brasileiros também sentem-se desta forma. A presidente afirmou querer que os responsáveis pelos desvios de recursos na empresa sejam “castigados”.
A presidente disse também que no Brasil não há “intocáveis” e, como fez em diversas vezes nos últimos meses, defendeu as ações de combate à corrupção adotadas pelo governo e ressaltou ser um compromisso da atual gestão o combate à impunidade.
“Quero ressaltar que somos nós, do meu
governo, que temos liderado o processo contra a impunidade no Brasil,
pondo fim a uma era de ilícitos que se ocultavam debaixo do tapete. Eu
mesma despedi, três anos antes das investigações, o diretor [Paulo
Roberto Costa] que confessou diante da Justiça a confirmação do esquema
de desvio de dinheiro na Petrobras”, disse.
EUA e CubaNa entrevista, Dilma também foi questionada sobre o anúncio feito por EUA e Cuba pela retomada das relações diplomáticas entre os dois países depois de 53 anos. A presidente afirmou que a aproximação terá impacto “forte e positivo” em toda a América Latina.
“É uma expressão de que isso já poderá se constatar na Cúpula das Américas, em abril, no Panamá. O encontro e o aperto de mãos de [Raúl] Castro e [Barack] Obama será o símbolo de que algo novo está ocorrendo no nosso continente”, disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário