segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Míldio o "Vilão do Vale do São Francisco no período chuvoso"

O míldio é a principal doença da videira no Brasil. Causa sérios prejuízos à viticultura em regiões com alta precipitação e umidade. Os maiores danos diretos estão relacionados com a destruição parcial ou total dos frutos, podendo também produzir efeitos negativos sobre a futura produção, quando provoca a desfolha e, conseqüentemente, o enfraquecimento da planta. Geralmente as variedades de uvas européias (Vitis vinifera L.) são mais suscetíveis ao míldio que as americanas (V. labrusca L.) e híbridas. Isso explica o insucesso dos colonos americanos ao introduzirem as videiras européias nos Estados Unidos da América. O míldio entrou para a história da fitopatologia mundial por ser uma das primeiras doenças controlada por um fungicida.
O agente causal da doença é o pseudofungo Plasmopara viticola, que para o seu desenvolvimento é muito exigente em relação a umidade e ao calor. 

Sintomas: O míldio afeta todas as partes verdes e em desenvolvimento da videira: folhas, brotos, galhos, cachos, etc. Os sintomas são:

Folhas: O primeiro sintoma se caracteriza pelo aparecimento da “mancha de óleo” na face superior, de coloração verde-claro e contornos mal delimitados. Em condições de baixa umidade, a mancha de óleo pode ficar muito tempo latente sem frutificação e sem representar risco de se tornar uma fonte de contaminação. Por outro lado, sob condições de alta umidade e calor aparece na face inferior da folha, correspondente a mancha, uma eflorescência branca e brilhante, que nada mais é do que os órgãos de frutificação do fungo, ou seja, os esporangióforos com esporângios, que saem através dos estômatos. As áreas da folha infectada sofrem dessecamento e tornam-se marrons. Freqüentemente, toda a folha seca e posteriormente cai . A queda antecipada das folhas priva a planta de seu órgão de nutrição, interrompendo o desenvolvimento dos cachos e dos sarmentos.

                                    Míldio na Folha da videira
Cachos: Todas as partes do cacho podem ser afetadas pela doença. A infecção nas inflorescências provoca a deformação das mesmas, deixando-as com aspecto de gancho. Na floração, o patógeno provoca o escurecimento e destruição das flores afetadas, sintomas muito semelhantes aos ocasionados pela antracnose. Nos estádios da pré-floração e em bagas pequenas, o fungo penetra pelos estômatos, causando escurecimento e secamento destes órgãos, observando-se uma eflorescência branca que é a frutificação do fungo. Quando as bagas atingem mais da metade do seu desenvolvimento o ataque do fungo pode ocorrer pelo pedicelo e posteriormente colonizá-la. As bagas infectadas nessa fase apresentam uma coloração pardo-escura, e são facilmente destacadas do cacho, não havendo formação de eflorescência branca característica, sendo denominada “peronóspora larvada”, porque apresenta sintomas semelhantes aos causados pelas larvas da “mosca-das-frutas”. Os ataques na inflorescência e nos cachos são os mais danosos, pois atingem diretamente o produto final podendo comprometer totalmente a produção.
Ataque de míldio em cacho de uva pré-floração
Ramos: Os brotos e sarmentos são normalmente infectados nos estádios iniciais de crescimento, ou em suas extremidades, antes da lignificação. Os ramos doentes apresentam coloração marrom-escura, com aspecto de “escaldado”. Os nós são mais sensíveis do que os entrenós. Infecções em ramos novos causam o secamento dos mesmos. Este dano será observado durante a poda de inverno.

Etiologia: Plasmopara viticola é um parasita obrigatório. Nos tecidos do hospedeiro, o fungo cresce intercelularmente através de hifas, emitindo haustórios no interior das células parasitadas. A reprodução assexual ocorre através dos estômatos, com a emissão de esporangióforos que produzem os esporângios. Cada esporângio contém de 1 a 10 zoósporos. Estas estruturas, na presença de molhamento foliar, movimentam-se e encistam-se próximo ao estômato, onde se dará a infecção. Já a fase sexual ocorre no interior dos tecidos do hospedeiro, principalmente nas folhas, onde são produzidos os oósporos ou “ovos” de inverno, que são as estruturas de sobrevivência do fungo no inverno. 

Epidemiologia: A temperatura ótima para o desenvolvimento do patógeno é de 20ºC a 25ºC e a umidade ótima acima de 95%. É necessário que ocorra condensação de água (água livre) sobre o tecido foliar por um período mínimo de duas horas para haver novas infecções.








Nenhum comentário:

Postar um comentário